segunda-feira, dezembro 15, 2008

Missão Chile

Logo Expedição Chile

Março 2008. No final das descidas falava-se ... No final de noites de copos balbuciava-se ... Na mente de meia duzia da mitras começava a crescer a ideia da viagem. Muitos já tinham estado em todo o lado, Nepal, Equador, Noruega, Marrocos, Alpes, Pirineus, Costa Rica, e até o Rio Paiva eles tinham remado. Mas exceptuando um ou dois compinchas, ninguém tinha estado no fim do mundo, Patagónia, Chile. Até à compra da primeira viagem pelo Inverno assobiou-se para o ar. Seria dificil reunir uma equipa forte e disposta a dispender 2500 euros e quase um mês de balda ao trabalho, férias, licensa sem vencimento, renegociação de contratos, adiamento de pacientes ou tudo o resto que lhe queiram chamar. O que é certo é que a menos de um mês da viagem temos equipa, barcos, casa, e invariavelmente montanhas e rios, muitos rios ... cascatas muitas cascatas ... altas, muito altas.

Expedição CCABP/Tamecanos - Chile/Patagónia - 2 a 27 de Janeiro 2009

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Palavra's Nepal - Sun Kosi

Amigo Rabiço:

Ias gostar do Sun Kosi. 8 dias, 240 km. É considerado umas das melhoras viagens rafting (Top 10) do Mundo. No rio progredimos + - 40Km por dia, por paisagens fantásticas. Tem uma fauna única, com macacos, búfalos, vacas, cavalos e uns kms abaixo do ponto de saida, na parte indiana, crocodilos... Ao longo do rio, não se contam mais do que uma mão cheia de aldeias típicamente nepalesas ... isoladas.

Nepal Milan
Eu, a RPM (que para o que há por cá é um luxo de Kayak !!!) e o Milan (compincha de trabalho)

O Sun Kosi tem um volume de água imponente, que aumenta ainda mais no último dia com os afluentes Tamur (nao menos famoso), Arun e Tama kosi. No final o rio tem 800 m3/s ... na época das chuvas chega atingir 3000 m3/s !!!

Sun Kosi 3 Bothe Kosi

Esta foi uma das últimas viagens para os grandes rios, as empresas consideram q começa ficar frio, 24 Celcius durante o dia e 10 à noite. Os clientes não usam fato térmico, apenas calção e t-shirt.

Sun Kosi 2
Bhote Kosi

Para o Sun Kosi fui de safety kayaker e fotógrafo (profissão nova !!!) para a empresa Moutain River Rafting. Fiz fotos e videos. Os rios do Nepal são enganadores, as fotos que tiramos de fora de água, não demonstram a real dimensão das águas que ultrapassamos. Uma vez dentro do barco tudo parece gigante !!! Mesmo assim, nesta altura do ano, o frio diminui o degelo, e o caudal diminui substancialmente e os rápidos ficam distantes uns dos outros. Apesar de nao ser o melhor fotografo do mundo, e possivelmente nem o segundo melhor, fiz a melhor reportagem fotográfica possivel. A minha cabeça está mais para o acto de remar e menos para outras acções paralelas ...

Sun Kosi 1 Great Wall, Bhote Kosi

Ontem cheguei de mais uma voltinha no Seti, com uma rosca medieval, e está tudo a baixar. Desapareceram algumas ondas e alguns rápidos perderam o interesse. Esqueço que já ando a remar há mais de 30 dias. Definitivamente temos de cá voltar a meio de Setembro ... com os rios bem gordos.

Sun Kosi 5 O Millan não tirava os olhos das catraias. Não via Nepalesas fazia oito dias !!!

Hoje estou KO, sem energia. Andei toda manhã a ensinar os principios básicos do slalom no rápido - Rodeo Beach- Trisuri e talvez arranje mais 3 dias de trabalho em troca de comida, dormida e ROSCA, mais a viagem para Katmandu.

Sun Kosi 6 Enquanto turistas estrangeiros se divertem num insuflavel, a rotina diária não pára no Nepal. Crianças atravesam uma ponte de corda para ia à escola. Sun Kosi.

Por hoje ficamos assim ...
Ainda nao fui despedido, o patrão gostou das fotografias !!!
Vou comer e beber um copo ao Via Via, um restaurante bar "alternativo" em Katmandu.

Tenho saudades de fazer um creek !
____________________________________________________________
Caro amigo, as águas começaram a cair com intensidade aqui em Portugal. Quando chegaras eu mesmo te farei companhia num creek. Estou a guardar o Castro Laboreiro para a tua chegada.
Aquele abraço.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Alto Ázere - Paraiso Esquecido

No passado Sábado (29 Novembro 2008) estivemos pelo alto minho. O Inverno abre-nos o livro daquele que foi o dia mais frio que passei num rio. Por vezes a Sibéria está ao lado de casa.

______________________________________________________________________

A aposta de fim de semana era a Cantábria. Apesar de toda a Península Ibérica estar a ferro e fogo com a neve, por cá pouca água, e em Espanha o caudal era garantido. Rumar a Espanha.
Os membros do norte - Rabiço e Maia - ficaram pela serra do Alvão, impedidos de seguir caminho. Em Portugal, estradas nevadas, estradas cortadas. Atravessar a Meseta Ibérica de noite e debaixo de neve ia ser um filme!! Mudança de planos: “Amanhã, o pessoal do 18 e Cia vai martelar o Azere, com mais um bando de gandulos de Alvarenga” alguém adiantou. Destino: Arcos de Valdevez. Para quem queria fugir da neve a manhã não deixou de ser uma surpresa …


IMGP3342
Um acordar "bonito" depois de um dormir "violento"

Apareceram os “berdadeiros presidentes” – Vilela, Chapi e Luis – juntamente com Rafa, Perrinho, Mário, Zé Carteiro, Ricardo Mondim e Joaquim. Quatorze indíos no meio de um rio gelado, estreito, vertical e com um mijo de àgua ... Filmes ... Missão: Vilela de Lajes - Ponte de Grade.

Apesar de caudal escasso, é um rio impressionante, belo e divertido. Dos melhores que existem em Portugal. Tem de tudo, saltos, tobogans, passagens técnicas e portagens que nos fazem esquecer tudo e mais alguma coisa, e o desnível não nos permite pensar no frio, nem na crise nem no preço dos combustíveis.

IMGP3397
Inverno num dos imensos tobogans do Alto Azere

IMGP3385
Rafa com cara de "esgrúbio" num dos pequenos saltos

O rio cai 350 metros em 3800 metros de comprimento. Tirando a maior e mais técnica portagem, o percurso não tem quedas superiores a 6 metros. Em termos de classificação este rio varia entre o Classe IV com quintos (com a àgua que fizemos, 1 metro cúbico), e o classe V puro (3 a 4 metros cúbicos)

FOTO_04

A Grande Portagem (faz-se pela direita com cordas)

Para além do prazer das águas bravas, este local merece uma visita pedonal. Carvalhos, castanheiros e urzes, que contrastam com os penedos e lajes de granito. Ficamos com uma percepção de que o vale dificilmente se atinge fora da linha de água.

IMGP3353
Rabiço escorregando na pedra

FOTO_06

Emanuel na ultima passagem técnica (Kamikaze), com o "Bando de Gandulos" na audiência.

Cinco horas e meia dentro de água, e apanhados pela noite, optamos por sair antes da ponte de Grade por um caminho acessório. Campos e casas, são o primeiro sinal de mão humana, na margem direita. Lá bem no alto, e depois de 10 minutos pelo meio de vinhas, vive o Sr. Gomes que tem por missão aquecer as almas de quem por ali aparece, com um bom verde tinto.


Evitando a àgua gelada, passamos o resto do fim de semana a aproveitar a neve. Fizemos o cume do Alvão e sonhamos com os Andes que nos esperam em Janeiro.

IMGP3456

Emanuel, um rapaz do sul de Portugal não cabia em si de contente quando viu neve pela primeira vez. Pffft, putos do sul ... baaaa ...

Texto : Ricardo Inverno (Podes ler aqui ao pormenor, toda a cena !!)
Fotos : Rafael Cecílio e Emanuel Jordão