segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Adidas Sickline 2010

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Durante todos estes meses, desde Outubro 2010 até Janeiro 2011, tive esta reportagem a marinar. Muitas vezes não encontramos a inspiração para a partilha. Como se trocássemos todas as virgulas e pontos. Fotos sem sentido ... e palavras aprisionadas nas fotos. Hoje, e depois deste tempo todo encontrei a música certa para escrever este artigo e senti-me na Áustria de novo.

A história da Áustria dava um Rio.

O evento de águas bravas mais conhecido da Europa, Adidas Sickline era um desejo antigo. O Joca da Barca tinha intenção de conhecer todos os "prós", e os "mens que dominam" (atenção: o que está entre aspas deve ler-se com sotaque do Alto Minho), eu queria viajar e curar a ressaca da gastro-enterite que me tinha afectado todo o mês de Agosto, e o António Palavra tinha treinado toda a época de Verão na Noruega para ganhar o evento.

Vale de Oetz, no Tirol, a 40 km de Insbruck, o evento realiza-se todos os anos no primeiro fim de semana de Outubro, quando o rio debita menor caudal. Reúne 150 canoistas, desde campeões de slalom, campeões de Play Boating ou meros free riders à procura das vicissitudes da viagem e da descoberta.

Oporto-Bergamo, Ryanair, tralha até aos olhos. Fiat Panda, Roof Bars, Austria here we go !!! "Arriviamos" no início da semana, a comitiva de Fafe juntar-se-ia uns dias mais tarde.

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Sá Carneiro. Bagagens que encravam portas rolantes, e indivíduos desprovidos das suas preocupações laborais, exceptuando o Palavra que ia em trabalho. :)

Adoro este aeroporto, principalmente quanto levo kayaks na bagagem. Viagens sem conta, umas com água outras sem. Longe, na memória a primeira expedição com aviões à mistura, em Gales, onde passeamos mais do que remamos, devido à água escassa. (Um Beijo para Gales e para tudo o que na altura representou e representa !!!)

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Aspecto da nossa casa oficial durante uma semana.

Quando chegamos já passava da 1 da manha local. Num vale lateral ao grande vale o do Rio Inn, e no Outono, o que significa época baixa para o ski, e para o Mountain Walking, não seria de esperar que encontrássemos sequer um parque de campismo aberto àquelas horas. Na primeira tentativa o dono negou-se a abrir-nos as portas do bungalou, por não estar devidamente arrumado... por instantes quis que aquele Austríaco educado fosse um mitra do sul da Europa que "cagasse" na organização saxónica e nos deixasse enroscar num qualquer beliche, nem que isso significasse pouca higiene. Estávamos estoirados. Com sorte uma loura que servia no único bar aberto conhecia uma amiga que alugava quartos e que se prontificou para nos dar estadia. 20 euros com pequeno almoço, nada mau para a Áustria. Go sleep, we have a long week ...

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Picos do Tirol

Na manha seguinte acordamos com um sol ténue que se reflectia nos 3000 metros de picos nevados que moravam ao lado. Passamos a manha toda a namorar o rápido da prova, e fomos remar um troço fácil do Oetz.

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Palavra e Joca descomprimem uma secção fácil do Oetz River.

Nos primeiros dias aproveitamos para conhecer o vale. É claro que para um Nortenho montanhas não são novidade, mas os Alpes são sempre os Alpes. Imaginamos o que fizeram milhares de anos e várias eras glaciares em conjunto com um permanente empurrar e enrrugar de montanhas por parte de placas tectónicas. O universo fez e faz a sua arte e nesta viagem mais uma vez contemplamos.

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Estância de ski de Obergurgl, sede da mítica prova da taça do mundo de ski alpino.

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1º dia de prova. Inscrições. A equipa Leonel Castro e Filhas preparavam um grande apoio ao Team Portugal

Quando o dia de treinos chegou, chegaram também portugueses ás dúzias e sentimos o cheiro de Portugal de novo. Fafe estava lá em peso, com a sua esperança feminina, a Marta Noval.

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Rabiço em dia de treinos. Wellerbrucke Midlle Core Section.

A foto é elucidativa. Classe V e água muito fria. Arrepiei de medo e frio. Somos pequenos num rápido daqueles. Depois com o passar dos dias entranhou-se-me. E veio o sol, o que tornou as descidas mais amistosas.


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Aniol Serrasolses mecaniza as linhas a caminho das semifinais.

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All Black Palavra desbrava em dia de treinos. Wellerbrucke Lower Section.

Depois veio a doer. Quinta. Dia de eliminatórias. As regras ditavam que dos 150 participantes os melhores 100 na 1ª manga fariam uma segunda. Os melhores 50 da soma das duas mangas eram apurados para as semifinais. O Joca e a Marta ficaram pela primeira manga. A mim e ao António foi-nos dada um segunda oportunidade. Classificamos em 71º e 73º repectivamente, separados por uma lenda (já com caruncho) das águas bravas, Arnd Shaftlein.

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Martinha prova um pouco do "Champions Killer" uma espécie de "Papa Gurus" da zona.

Este último rápido tem uma mística muito própria dentro da própria prova. É o último rápido a doer do percurso. Obliquo, e difícil de "bufar", podemos ganhar tempo ou perder uma eternidade embrulhados no retorno.

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"Para o ano que vem ganho isto"A Marta classificou 3º feminino. Não eram mais de 4 atletas , mas mesmo assim foi uma excelente 1º prova.

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Palavra. "Champions Killler"

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Rabiço na saída do "Champions Killer".

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É óbvio que a honra de termos uma lenda viva entre nós na classificação não dispensava uma boa conversa. O rapaz do meio abriu uma catrafada de rios por esse mundo fora, Baker, Palguin, etcetra e tal. Agora representa a Teva na Europa, e faz sessões semanais de acupunctura para relaxar os anos e anos de guerra com a natureza.

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Quem se deu bem com todo o rápido foi o pequeno Sam. O neozelandês de 22 anos acabou por vencer a prova após a 3ª tentativa.

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Duas visões da secção intermédia da prova durante as finais.

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Para o António alguma coisa não correu bem. Os Piranhas estavam amaldiçoados. "António, o centro de gravidade muito baixo, temos aí o nosso problema". É uma vicissitude dos Burns, que é preciso corrigir após a compra. Almofadas debaixo da peida.

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Descomprimimos más classificações no "free ride", e na pasta de atum com queijo grana padano comprado ao preço da chuva na Itália. O Vale o Rio Oetz tem uma dúzia de percursos possíveis nesta altura do ano. E por isso uma semana nunca é demais para percorrer esta porção da Austria

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Team Fafe nacionaliza o campeão Sutton. A equipa de canoagem mais heterogénea de divertida do pais. CNFafe.

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Dejan, Michelle e Sam. Eslováquia, Itália, e Nova-Zelândia. O pódio do festival.

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António Palavra, Steve Fisher, e Joca da Barca. O Pódio da Ramboia.
O Steve é um mercenário. A Red Bull pagou-lhe para apresentar o evento para os media da modalidade, e não precisou de molhar o "rego do ass" para ter direito ao prize money. Bandido :)

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Ruben confraterniza.

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Pupilas de Fafe no apoio aos tretas portugueses.

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Team Portugal Adidas Sickline 2010
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Depois da semana louca, sobrou uma festa. O único senão era o embarque que tinhamos que fazer às 6 da manhã em Bergamo. Ainda assim o Joca e o António conseguiram animar-se em menos de 2 horas.

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A Martinha não ganhou a competição, mas deu ao mundo estas magníficas costas. Aceitou posar para o aquavertical, para relançar a sua carreira a nível internacional !!!! :)

Recordações da semana de fim de Verão mais fria que tive, mas que não me impede de voltar. Para 2011 o objectivo de classificar 25 melhores e de arrastar mais malta comigo. Até lá !!!

(mais fotos no Flickr - cliquem numa qualquer e depois de aberta percorram as restantes)

3 comentários:

kayaksurf.net disse...

Grande report ;)
Parabéns pelo andamento!!!
boas ondas,
luis pedro

Isabel Moura Bessa disse...

Bela reportagem. Parabéns!

emanuel disse...

Gostei de ler o report. Foi como se tivesse estado lá. Um grande abraço.