quinta-feira, dezembro 04, 2014

AméricaNuMinuto - Slow down desert (17 Novembro 2014)

Pela segunda noite encolhia-me no banco de trás da V6 do Taylor. O ar seco e frio do Novo México tornavam a sofagem incuerente. No máximo dáva-me conforto e queimava o que se sentavam nos bancos da frente. Tudo que fosse abaixo disso fazia-me sonhar com banhos de água gelada, e por isso a negociação foi sempre difícil. Naquela noite poupamos as articulações e o cérebro enxarcado de café e ficamos hospedados com 6 horas de sono num pequeno hotel de estrada, lado a lado com a mítica 66.
Sem conseguir fugir à panaquecas ao wafles e aos ovos (o que é potencialmente nocivo para a acumulação interior de ar), voltamos a subir para o planalto das rochosas,e entramos em terra de índios. O estado do Arizona é amplamente povoado por reservas indias. A maioria delas locais de raizes ancestrais, outras (desconhecia eu) e provavelmente a maioria, depois de dizimadas pelos colonos, foram forçadas a abandonar as suas terras ferteis no centro e este dos EUA, e obrigados a caminhar durante meses em direcção a oeste onde lhes deram vastas estensões de deserto de altitude e terras de agricultura impraticavel. Havia há 400 anos milhões de índios no pais, hoje estão confinados a pequenas reservas, a maioria deslocados, e vivem da venda de souvenirs, vendem fotografias lado a lado com os chefes indios. Houve tribos que se recusaram a esta imposição, caso dos moicanos e dos cherokees, q se aguentaram até à última gota de sangue nas Apalaches.
Depois desta aula da "people history of américa' pelo Morais, visitamos uma área conhecida pela sua floresta petrificada. Muitas eras atrás arvores foram sendo arrastadas por um rio existente. Devido a um processo de pressão e depósito de sedimentos o que era matéria organica transformou-se em matéria mineral formando "pedra".
O planalto do Arizona é especialmente rico geologicamente pois durante milhões de anos modou a sua configuração de região montanhosa, oceano, lago, pantano etc, devido às variações das placas tectónicas. Hoje o rio colorado faz o papel de paleogeologo e cortou todas estas camadas na vertical mostrando a idade da terra.
Chegados a Flagstaff, instalamos o material no hotel e demos um giro pela cidade. Funciona como cidade apoio do Parque Nacional do Gand Canyon o que lhe dá um charme particular. Pululam grupos de "expedicioniers" misturados com juventude uiversitária. No centro da cidade passa uma linha de caminho de ferro que liga a costa oeste ao centro do pais. Meia em meia hora composições de 2 km, 150 carruagens cada uma com 2 contentores, cruzam lentamente o planalto. "It's China invading América" diz o Taylor no seu sotaque sulista.
Ao por do sol refugiei-me no meu saco de cama a fazer publicações e a partilhar as novidades. O Calado e o Duartetinham ido já ali a Pheonix agrafar o resto da equipa que chegavam de Itália de Espanha e de Portugal. Pheonix à escala americana era já ali, a três horas de Flagstaff.
Adormeci e apercebi-me que tinha bebido 3 litros de água numa tarde, a minha pele descascava instantaneamente, o nariz e a garganta, secaram durante a noite, estava provavelmente a experimentar o ar mais seco que algum dia respirava. No planalto se o do Arizona acima dos 2000 metros, a humidade era quase 0. E a chuva raramente mostrava a sua cara. Teria 2 dias para me adaptar.
Ao som de High and Dry - Radiohead

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